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Modelos BIM: um estudo de caso para compatibilização

Ao longo dos últimos anos, percebemos um aumento da procura por serviços de modelagem BIM, um dos itens mais solicitados aqui no NIB. Geralmente motivadas por uma necessidade de adequar-se à novas tendências de mercado ou atender a exigências de contratantes, muitas empresas têm buscado parceiros para ajudá-las a desenvolver modelos virtuais de seus empreendimentos. 

Nossa experiência com a elaboração de modelos BIM é bastante satisfatória, já que quase sempre reforça o seu alto potencial para identificar erros, oportunidades de melhoria e redução de custos do projeto. Porém, nem sempre é possível tirar partido de todos os seus potenciais ganhos, pois muitas vezes são limitados por uma falta de integração do modelo BIM ao processo de projeto e planejamento da obra. 

Hoje vamos falar um pouco mais sobre isso, utilizando exemplos reais de um modelo que desenvolvemos para um cliente recentemente. Nosso objetivo é ajudar vocês a visualizarem algumas questões e contribuir para uma melhor compreensão de como podemos juntos construir modelos mais eficazes.

Detecção de interferências entre sistemas

Em quase todos os nossos trabalhos de modelagem, o cliente chega sem muita clareza sobre qual a finalidade do modelo e quais os resultados esperados com o mesmo. Por isso, antes de tudo, procuramos entender as suas necessidades e orientá-lo em relação à estrutura mais adequada para o seu modelo. Afinal, modelos com finalidades distintas podem conter informações distintas. Um modelo para extração de quantitativos é diferente de um modelo para planejamento de obra que, por sua vez é diferente de um modelo para a gestão da operação de um consrução. 

No caso do empreendimento que vamos tratar aqui, o objetivo era a compatibilização dos projetos de arquitetura, estrutura e instalações. O cliente é uma construtora que estava desenvolvendo um condomínio residencial de sobrados com três quartos no exterior. Para esta modelagem, além dos desafios habituais, tivemos que lidar com termos técnicos em inglês e um sistema construtivo bastante diferente do nosso. 

Neste modelo, as incompatibilidades mais críticas foram entre os projetos de climatização e estrutural. Depois de modelar e sobrepor os elementos de cada projeto, identificamos interferências significativas entre os dutos flexíveis de climatização e as treliças de madeira ou vigas de concreto, conforme podem ver na imagem abaixo.

Interferências como estas certamente geram prejuízos para um empreendimento. Ao receber um relatório de interferências, o responsável pela coordenação de projetos deve solicitar revisões de projeto. Essas revisões, além de gerar custos, podem acarretar em muitas alterações no projeto original, como as listadas abaixo: 

  • Aspectos definidos na fase conceitual do projeto, como dimensões gerais, proporções, escolhas de materiais, acabamentos e sistemas construtivos.
  • Aspectos relacionados à restrições de código de obras e zoneamento, como pé-direito e áreas mínimas.
  • Quantitativos e estimativas de custo.
  • Desempenho de sistemas, como iluminação, acústica, segurança, estrutural, etc.
  • Especificações técnicas de elementos construtivos.

Análise comparativa entre cenários e possíveis soluções

A depender do estágio de desenvolvimento do projeto, o custo de tais alterações varia significativamente, tornando viáveis ou inviáveis determinados tipos de soluções. A título de exemplo, vamos considerar três cenários para o problema de compatibilização entre estrutura e sistema de climatização. 

Cenário 01: Fase de Anteprojeto

Nesse cenário, o leque de possíveis soluções de compatibilização é maior, pois o baixo nível de desenvolvimento dos projetos permite alterações com menores esforços. Projetistas podem estudar alternativas variadas, desde a alteração das dimensões de pé-direito para acomodar a passagem dos dutos, até a opção por elementos estruturais alternativos. As novas decisões devem ser compatibilizadas com o projeto arquitetônico e demais projetos complementares, envolvendo os responsáveis das demais disciplinas nas tomadas de decisão.

Cenário 2: Fase de projeto executivo

Neste cenário, todos os projetos encontram-se em um alto nível de desenvolvimento. Soluções que interferem em outras disciplinas devem ser evitadas, pois demandam um altíssimo esforço de alteração. Por exemplo, aumentar o pé-direito do edifício acarretaria alterações em todos os sistemas de vedação, gerando impacto no seu detalhamento, quantitativos e estimativas de orçamento. É por isso que frequentemente as soluções de compatibilização desenvolvidas neste estágio quase sempre geram excedentes no orçamento original e não levam em consideração todos os sistemas de forma integrada. 

Cenário 3: Fase de Obra

Neste cenário, alterações de projeto além de demandar um altíssimo esforço de alteração, necessariamente geram impactos na logística da obra. Alguns problemas gerados neste estágio são a necessidade de alterações de pedidos de materiais e elementos pré-fabricados, custos de cancelamento de contratos, novos prazos de entrega que impactam diretamente no cronogramas de obra, retrabalhos com a demolição de elementos já construídos, e custos com material e mão de obra além do orçamento. As soluções desenvolvidas neste estágio também comprometem a qualidade da execução da obra, que pode ser percebida pelo cliente final.

Modelos BIM e a importância dos projetos integrados

Com esses cenários queremos mostrar na prática o quê muitos especialistas afirmam constantemente: BIM faz mais sentido quando devidamente integrado à todas as fases do projeto, sobretudo nas fases iniciais, quando o custo das alterações é significativamente mais baixo que nas fases seguintes. 

Isso é demonstrado na imagem abaixo (adaptado de Curva de MacLeamy), que prvavelmente estava presente em todas as apresentações que você já viu sobre BIM: 

 gráfico parece complicado mas representa uma ideia muito simples: quanto mais tardia uma alteração de projeto, maior o seu custo e menor a sua capacidade de impactar o projeto. A ideia é utilizada também para reforçar o conceito de IPD- Integrated Project Delivery, um método de trabalho que tem como premissa a eficiência e uso da tecnologia para facilitar a comunicação de todas as partes envolvidas em um projeto. 

Dessa forma, podemos dizer que BIM e projetos integrados são absolutamente complementares. Uma metodologia de projeto que visa a integração de pessoas e processos em todas as etapas de projeto necessita de ferramentas que facilitem o compartilhamento e intercâmbio de informações. O modelo BIM, por sua vez, pede fluxos de trabalho integrados e perde a sua eficácia quando utilizado de maneira isolada.

Conclusão

A elaboração de um modelo BIM de um projeto já executado é bastante “educativa”, pois mostra todas as fragilidades do processo de projeto tradicional. Contudo, as empresas que quiserem tirar partido de todo o potencial do BIM em seus empreendimentos devem sempre buscar um processo completo de implantação, que passa por uma análise crítica e revisão de seus processos, além de treinamentos para sua equipe. 

Para esses e outros serviços podem sempre contar com o Núcleo BIM. No serviço de implantação orientamos a empresas quanto aos procedimentos necessários para a migração do fluxo de trabalho tradicional para o fluxo de trabalho BIM. 

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Ficou alguma dúvida em relação ao uso de modelo BIM na sua empresa? Deixe nos comentários, vamos adorar saber mais!

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1º BIM Mandate Nacional: entrevista com Prof. Dr. Sergio Scheer

Em nosso último artigo, falamos da importância das políticas governamentais para impulsionar a adoção de BIM- Building Information Modeling no país. Em 2018, o Governo Federal avançou significativamente nesse sentido ao publicar a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM- Estratégia BIM.BR, com o intuito de promover um ambiente adequado ao investimento em BIM e sua difusão no país. Quase 2 anos depois, no dia 2 de abril deste mês, foi publicado um novo Decreto, estabelecendo a utilização de BIM na execução de obras e serviços de engenharia de entidades da administração pública federal. 

Decreto 10.306/2020 publicado recentemente pode ser considerado o 1º BIM Mandate Nacional, ou seja, um plano de execução com instruções específicas sobre como a implantação deverá acontecer nas instituições governamentais. Diante desse novo marco, começamos a nos questionar acerca das implicações para o mercado da construção civil e dos próximos passos que estão por vir. Para esclarecer essas questões buscamos o Prof. Dr. Sergio Scheer, que gentilmente nos concedeu uma entrevista. 

Scheer tem um currículo bastante extenso, quase impossível de resumir nesta breve apresentação! Ele é graduado em Engenharia Civil, Mestre em Engenharia Civil e Doutor em Ciências da Computação, com atuação em pesquisas e ensino de aplicações computacionais, ambientes virtuais para projetos colaborativos, tecnologias da informação e da comunicação (TIC) e Building Information Modeling (BIM). Além de lecionar, também exerceu diversos cargos administrativos na Universidade Federal do Paraná e é membro de alguns comitês internacionais da sua área. Entre 2017 e 2018 ele fez parte do Comitê Estratégico de Implantação de BIM- CE-BIM do Governo Federal. 

Tivemos o prazer de conhecê-lo em nossa Pós Graduação de Gerenciamento BIM pelo SENAI/CIMATEC, em 2013, quando foi responsável por lecionar algumas disciplinas. Desde então, temos muita admiração pelo seu trabalho e entendemos ser umas das melhores pessoas para falar deste assunto.

Confira a entrevista na íntegra abaixo e não esqueça de deixar nos comentários o que achou:

NIB: Sabemos que o Brasil têm avançado bastante nos últimos anos no sentido de regulamentar e estimular a adoção de BIM no país. Um dos marcos regulatórios mais importantes nesse sentido foi a publicação da Estratégia BIM BR, instituída pelo Decreto nº 9.377, em 17 de maio de 2018. Quase dois anos depois, no dia 2 de abril de 2020, tivemos a publicação do Decreto 10.306/2020, considerado o 1º BIM Mandate Nacional. Poderia falar um pouco sobre os desdobramentos da Estratégia BIM BR e como o decreto está inserido nesse contexto?

Scheer: O novo decreto está no âmbito da Estratégia BIM.BR e trata de execução direta e indireta de obras e serviços de engenharia, execução realizada por órgãos e entidades da administração pública federal. Assim, serviços de arquitetura e engenharia dos programas-piloto, como nas forças armadas (Ministério da Defesa) e nas obras de infraestrutura (Ministério de Infraestrutura), estão incluídos. O contexto traçado na Estratégia BIM.BR é de implantação gradual e para empreendimentos relevantes. Nesse sentido deverão ser definidas as características de relevância como área construída, valor da obra, interesse institucional, por exemplo. A primeira fase se inicia em 2021 com atenção aos projetos, seguida da segunda fase incluindo a execução, a obra em si. E, na última fase, a partir de 2028, se incluem as atividades de gerenciamento da operação e manutenção dos empreendimentos públicos federais. O fato preponderante é que o Governo Federal é um grande demandante de projetos e obras. Nessa posição, vem estimulando a adoção e preparando o cenário desde 2009 em uma sequência de ações e programas de desenvolvimento e produtividade para a construção civil e relacionados com o BIM que foram promovidas através do antigo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e com apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Estas ações prosseguem hoje com o Ministério da Economia encabeçando a Estratégia BIM.BR e gerindo o processo de implantação de BIM conforme os decretos promulgados. O documento que norteia a Estratégia BIM.BR tem nove objetivos estratégicos e eles têm ações a serem executadas para o desenvolvimento efetivo da estratégia. Um exemplo é o objetivo que trata da capacitação em BIM, que destaca as ações de formação de recursos humanos na formação de profissionais na graduação, o delineamento das competências para gestores e servidores públicos e a capacitação para profissionais do mercado. Tudo isso para dar conta de usar e usar bem o processo BIM dando mais transparência aos recursos públicos e maior qualidade para os empreendimentos de construção. Vale a pena ler o documento da BIM.BR e conhecer mais sobre estas ações.

O novo decreto está no âmbito da Estratégia BIM.BR e trata de execução direta e indireta de obras e serviços de engenharia, execução realizada por órgãos e entidades da administração pública federal.

NIB: O Decreto 10.306/2020 estabelece a obrigatoriedade da utilização do BIM na execução de obras e serviços de engenharia vinculados especificamente aos Ministérios da Defesa e Infraestrutura, a ser implementado em três fases, a partir de jan. de 2021. Conforme o decreto, outros órgãos e entidades da administração pública federal poderão adotar as mesmas ações, porém permanecem isentos da obrigatoriedade. Na sua opinião, que outros projetos pilotos BIM poderão ser implementados por entidades governamentais dentro dos próximos anos? Quais os próximos passos?

Scheer: Entendo que todos os ministérios podem lançar mão desde desafio de implantação do BIM. Como grandes demandantes de projetos e obras, o Governo Federal tem o Ministério da Saúde e organismos como a Caixa Econômica Federal (aqui cabe mencionar que é preciso tratar de um “SINAPI-BIM” ou a adaptação/atualização possível!). Quem ganha é o Governo Federal e o cidadão! O BIM auxilia de maneira cabal a alcançar bons resultados de uso dos recursos orçamentários, com projetos e obras entregues com qualidade e sendo executadas no prazo e dentro do orçamento previsto. Se olharmos os nove objetivos da Estratégia BIM.BR, devem ser viabilizadas as ações elencadas. Como a que mencionei de estímulo à capacitação em BIM que é de fato preponderante: o Governo e o mercado precisam de profissionais preparados para demandar e entregar obras em BIM.

Saindo do âmbito do poder público federal, mas por estímulo das ações federais de disseminação de BIM em certo modo, aqui vale mencionar os esforços pioneiros em BIM nos estados de Santa Catarina e Paraná. Nesses dois estados pude acompanhar o trabalho de grupos aguerridos de servidores e apoiadores. Em especial, no Paraná pude ajudar um mais de perto a partir de um termo de cooperação técnica iniciado em 2015 da UFPR com a Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL – DGPO) e com diversos ações e resultados com o LaBIM. Um BIM mandate paranaense (Caderno 11 – caderno BIM de especificações técnicas para contratação de projetos em BIM) foi lançado em 2018 após consulta pública e ajustes. Sobretudo, no final do ano passado o governador do Paraná assinou um decreto com a estratégia paranaense de implantação do BIM (Estratégia BIM.PR) para todos os empreendimentos de âmbito do poder público estadual a partir de 2022 (Decreto Estadual 3080/2019).

Entendo que todos os ministérios podem lançar mão desde desafio de implantação do BIM. (…) Saindo do âmbito do poder público federal, mas por estímulo das ações federais de disseminação de BIM em certo modo, aqui vale mencionar os esforços pioneiros em BIM nos estados de Santa Catarina e Paraná. Nesses dois estados pude acompanhar o trabalho de grupos aguerridos de servidores e apoiadores.

NIB: Um dos objetivos da Estratégia BIM BR é criar condições favoráveis para o investimento público e privado em BIM, a exemplo de programas de incentivo focados em micro e pequenas empresas. Aqui no nosso estado, o SEBRAE Bahia incluiu serviços de implantação de BIM em seu programa de consultorias com subsídio para MPEs (SEBRAETEC). Na sua opinião, podemos considerar essa iniciativa parte de um movimento nacional? Que outros incentivos podemos prever nesse sentido?

Scheer: O SEBRAE e o SENAI já estão fazendo ações na temática do BIM através de suas regionais (nos estados). No caso do Paraná, em âmbito nacional, o Instituto Senai de Tecnologia que trata de construção civil é localizado na cidade de Ponta Grossa e lá se desenvolveu um laboratório BIM com prestação de serviços. Um exemplo é a implantação de BIM junto ao sistema de controle de tráfego aéreo (CISCEA) do Ministério da Aeronáutica. Acredito que com a disseminação do BIM a partir da estratégia nacional, o SEBRAE Nacional e o SENAI Departamento Nacional (DN) podem aumentar os recursos destinados à disseminação e implantação de BIM em empresas. Novamente, um dos objetivos estratégicos da BIM.BR é o de criar condições favoráveis para o investimento público e privado (terceiro objetivo estratégico). Neste objetivo, as ações são de adaptação de linhas de financiamento, criação de programas de incentivo ao investimento nas micro e pequenas empresas (95% das empresas da área de construção…), esclarecimento sobre os requisitos BIM nos processos licitatórios do Governo Federal e promoção de articulação internacional para atração de investimentos. À época de elaboração da Estratégia BIM.BR, o BNDES e a Caixa participavam das discussões de formulação de ações em um grupo de trabalho sobre infraestrutura. Também a Anatel fazia parte, posto que neste grupo questões de disponibilidade de acesso a financiamento para hardware, software e de para acesso aos serviços em nuvem (Internet e banda larga) eram o tema. É preciso retomar estas discussões.

Acredito que com a disseminação do BIM a partir da estratégia nacional, o SEBRAE Nacional e o SENAI Departamento Nacional (DN) podem aumentar os recursos destinados à disseminação e implantação de BIM em empresas.

NIB: Na sua opinião, quais as implicações práticas da publicação do 1º BIM Mandate Nacional para a atividade profissional de engenheiros/ arquitetos?

Scheer: O Governo Federal vai aumentar sua demanda por projetos em BIM e os governos estaduais vão seguir o exemplo. E algumas prefeituras já estão fazendo seus esforços para conseguir ter seus planos de implantação. O mercado vai precisar uma quantidade razoável de profissionais versados em BIM. Não há no momento uma “capacidade instalada”! Sugiro aos não versados em BIM que procurem capacitação, imediatamente!

O mercado vai precisar uma quantidade razoável de profissionais versados em BIM. Não há no momento uma “capacidade instalada”! Sugiro aos não versados em BIM que procurem capacitação, imediatamente!

NIB: Na sua opinião, quais os maiores obstáculos para a execução da Estratégia BIM BR atualmente?

Scheer: Uma lista em uma mão: a) falta de capacitação de servidores públicos como demandantes de BIM; b) no mercado há falta de profissionais e empresas em quantidade e qualidade para atender a demanda das entidades públicas; c) dificuldades de investimento pelas empresas de menor porte; d) decretos, leis e regulamentos para licitação e contratação de serviços que não são adequados ou aderentes à contratação de projetos em BIM (buscar solucionar isto também é parte das ações previstas na BIM.BR); e) diferentes sistemas de classificação de atividades e insumos pelos órgãos públicos – não há uma norma única que agilize… a ABNT está quase completando a 15.965 que pode ser um impulsionador na revisão pelos órgãos públicos e adoção das normas brasileiras para BIM. Mas, nem tudo são obstáculos. Sobretudo, apesar do momento genuinamente difícil e atípico (pandemia e etc.) vejo que estamos em momento muito positivo de disseminação e adoção para o BIM. Afinal, com projetos e obras de qualidade e dentro do prazo e do cronograma, ganham os governos e sobretudo ganha o cidadão!

Mas, nem tudo são obstáculos. Sobretudo, apesar do momento genuinamente difícil e atípico (pandemia e etc.) vejo que estamos em momento muito positivo de disseminação e adoção para o BIM. Afinal, com projetos e obras de qualidade e dentro do prazo e do cronograma, ganham os governos e sobretudo ganha o cidadão!
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Evolução de BIM na Bahia

Se você atua no setor de AEC (Arquitetura, Engenharias e Construção) é quase impossível que não tenha ouvido falar em BIM (Modelagem da Informação na Construção, traduzido para o português). Diante de crises econômicas e ambientais, a construção civil vem apostando no uso da tecnologia da informação para resolver lacunas e transformar-se em uma indústria mais produtiva e sustentável. Não é por acaso que na última década BIM atraiu tanta atenção e se tornou o foco de muitos pesquisadores, estudantes, organizações governamentais e privadas.

Nesse contexto, as iniciativas de todos esses atores formam um ecossistema de inovação que impacta diretamente no desempenho do setor. Nós do NIB- Núcleo de Inovação BIM, primeira organização privada a oferecer serviços especializados em BIM na Bahia, pudemos acompanhar muitos marcos de desenvolvimento no estado relacionados à área. Agora que a empresa completou 5 anos, resolvemos escrever este artigo que esboça um panorama do BIM na Bahia, com o intuito de registrar o caminho percorrido e reconhecer os esforços de atores locais que vêm contribuindo para a transformação da nossa indústria. 

Agora que a empresa completou 5 anos, resolvemos escrever este artigo que esboça um panorama do BIM na Bahia, com o intuito de registrar o caminho percorrido e reconhecer os esforços de atores locais que vêm contribuindo para a transformação da nossa indústria. 

BIM NO BRASIL E NO MUNDO: ONDE ESTAMOS? 

Em conformidade com tendências mundiais, o Brasil vem desenvolvendo ações para tornar o BIM uma realidade em um futuro próximo. É o que sugere a publicação Building Information Modeling no Brasil e na União Europeia, do antigo MDIC- Ministério da Indústria Comércio e Serviços, que compara a difusão do BIM no Brasil com países da União Europeia em relação à estrutura normativa, academia, corpo técnico, organizações privadas e públicas. Segundo essa publicação, em 2015 todos os países analisados já apresentavam iniciativas em todos os eixos. Os países Reino Unido, Holanda, Finlândia e Noruega já teriam diretrizes estratégicas e normativas consolidadas e foram, portanto, considerados mais avançados. 

No Brasil, iniciativas governamentais resultaram de esforços iniciados há mais de uma década, afinal não é do dia para a noite que se constrói uma política BIM. Em 2009 foi criada uma comissão especial para elaboração da Coletânea de Normas Modelagem de Informação da Construção da ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas, publicadas entre 2011 e 2015. Em 2014, Santa Catarina foi o primeiro estado a estabelecer uma regulamentação oficial em BIM, com a publicação do seu o Caderno de apresentação de projetos em BIM. Em 2018, o Governo Federal anunciou a publicação da sua Estratégia Nacional de Disseminação do BIM, finalmente estabelecendo ações e políticas para promover a difusão do BIM a nível nacional.

No Brasil, iniciativas governamentais resultaram de esforços iniciados há mais de uma década, afinal não é do dia para a noite que se constrói uma política BIM.

Entidades de apoio à empresas e profissionais também se preocuparam em disponibilizar informações e estabelecer padrões em BIM. É o caso da ASBEA- Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura com a publicação de seus dois volumes do Guia ASBEA de boas práticas em BIM, entre 2013 e 2015. 

Na academia, a produção científica brasileira mostra um grande esforço para desenvolver a área no país. O artigo Análise da produção científica brasileira sobre a Modelagem da Informação da Construção mostra um aumento significativo do número de publicações a partir do ano de 2009. Pesquisas orientadas para o ensino de BIM também indicam que a maioria das instituições já apresentam iniciativas para inserir a disciplina nas grades curriculares de cursos técnicos, de graduação e pós graduação do país. 

Quanto à iniciativa privada, não existem dados que retratem a adesão ao BIM a nível nacional, apenas pesquisas realizadas com amostras relativamente pequenas de empresas e profissionais. A publicação mais recente nesse sentido foi a Roadshow BIM, de 2018, da CBIC- Câmara Brasileira da Indústria da Construção, que apresenta resultados de um questionário aplicado com empresas participantes de eventos do setor, indicando que menos de 10% utilizavam ferramentas BIM. Outras análises constatam, ainda, que as iniciativas se concentram nas fases de projeto e construção, sendo muito tímidas na fase de operação. 

BIM NA BAHIA: ONDE ESTAMOS? 

Antes mesmo do termo BIM ser alvo de tanta atenção, a Bahia já possuía um importante centro de pesquisa dedicado à computação gráfica e tecnologia de informação espacial aplicados à Arquitetura e Urbanismo. Fundado em 1992, o LCAD- Laboratório de Estudos Avançados em Cidade, Arquitetura e Tecnologias Digitais da Faculdade de Arquitetura da UFBA já vinha estudando as aplicações de diversas tecnologias, como fotogrametria digital, laser scanning e geoprocessamento, se tornando pioneiro nos estudos sobre BIM no estado.

Fundado em 1992, o LCAD- Laboratório de Estudos Avançados em Cidade, Arquitetura e Tecnologias Digitais da Faculdade de Arquitetura da UFBA já vinha estudando as aplicações de diversas tecnologias, como fotogrametria digital, laser scanning e geoprocessamento, se tornando pioneiro nos estudos sobre BIM no estado.

Mostrando a sua relevância no território nacional, em 2011 o laboratório sediou o V TIC- Encontro Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação na Construção com o tema BIM- Modelando a Construção do Futuro. O evento reuniu em Salvador mais de 370 participantes, entre representantes de universidades, empresas, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação. No mesmo ano, pesquisadores do LCAD publicaram Uma visão da difusão e apropriação do paradigma BIM no Brasil, resultado de uma pesquisa com participantes do evento para entender o seu grau de familiaridade e apropriação do BIM e os obstáculos para a consolidação do paradigma no Brasil. 

Com apoio do LCAD também foram desenvolvidas outras pesquisas importantes na área de BIM. Em 2013 o estudo Adoção do paradigma BIM em escritórios de arquitetura de Salvador-BA investigou as barreiras para a adoção de BIM em escritórios locais. Em 2014, a tese Ensino-aprendizagem de BIM nos cursos de graduação em engenharia civil e o papel de expressão gráfica neste contexto contribuiu significativamente para a área de ensino de BIM, identificando as competências necessárias e propondo uma estrutura para a área de expressão gráfica dentro do currículo de engenharia civil. Em 2016 foi publicada a dissertação Sistema de alocação de espaço para a FAUFBA: uma aplicação de facilities management, contribuindo para o avanço da utilização do BIM para a fase de operação do ciclo de vida da edificação. Atualmente o laboratório também vem estudando aplicações da tecnologia no desenvolvimento de projetos e gerenciamento de espaços urbanos, com publicações na área de CIM- City Information Modeling

Apesar da intensa produção científica, na época poucas empresas arriscavam aplicar as novas tecnologias em suas operações. Em 2012 a construtora Syene ficou conhecida por ser a primeira do seu porte a investir em um projeto piloto para realizar a modelagem BIM do seu empreendimento Syene Corporate. A empresa necessitou de consultoria e treinamentos especializados para seus funcionários, além de ter mobilizado toda a sua rede de escritórios parceiros para adotar novos métodos de trabalho.

Em 2013, reconhecendo a emergência do paradigma BIM e a necessidade de capacitar profissionais da área, instituições de ensino começaram a lançar programas de capacitação em diferentes níveis. Nesse ano a UFBA- Universidade Federal da Bahia e o IFBA- Instituto Federal da Bahia promoveram o Workshop Implantação de BIM -IFBA/ UFBA com o intuito de iniciar a implantação de BIM nos setores técnico-administrativos dessas instituições. Nesse mesmo ano também foi lançado o primeiro programa de pós-graduação em Gerenciamento BIM do estado pelo SENAI CIMATEC – Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, que tivemos o privilégio de cursar. 

Da mesma forma que o LCAD impulsionou a produção científica, as iniciativas de capacitação contribuíram para a formação de uma base de profissionais para liderar a inovação do setor. Foi exatamente nesse contexto que fundamos o NIB, em 2015. Após concluir a pós-graduação em gerenciamento BIM, observando uma grande carência de serviços especializados na região, fundamos primeira empresa que oferecia consultoria e treinamentos na área. Hoje, com 5 anos de funcionamento, nos orgulhamos de já ter realizado inúmeras capacitações técnicas para instituições de ensino superior públicas/privadas e ambientes corporativos, bem como consultorias de implantação para os segmentos de desenvolvimento de projetos de arquitetura, engenharia e construtoras. Além disso, desenvolvemos diversos modelos BIM com as finalidades de compatibilização, extração de quantitativos, planejamento de obra e orçamentação. 

Da mesma forma que o LCAD impulsionou a produção científica, as iniciativas de capacitação contribuíram para a formação de uma base de profissionais para liderar a inovação do setor. Foi exatamente nesse contexto que fundamos o NIB, em 2015.

No em que fundamos a empresa, percebemos a necessidade de fomentar discussões e facilitar a troca de informações entre os profissionais do setor. Com esse intuito realizamos três edições, entre 2015 e 2018, do evento Encontro de Usuários BIM- Bahia, reunindo especialistas, representantes de empresas, pesquisadores e estudantes para discutir os desafios e apresentar suas experiências. Em 2018 também organizamos o 1º Meetup BIM Hour, um evento exclusivo para representantes de incorporadoras, construtoras, escritórios de projeto e órgãos públicos, para aprofundar no tema da implantação. 

Associações empresariais e conselhos de classe também se movimentaram para criar eventos exclusivos na área de BIM no estado. Em 2016 as organizações organizações CAU-Ba, CREA-Ba, IAB-Ba, Sinduscon-Ba, SENAI, SEINFRA- Secretaria de Infraestrutura- SEINFRA e e SECTI- Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação se uniram para promover o 1º Seminário Estadual de BIM, que passou a ter edições anuais.  

Em 2018, surgiu outro centro de pesquisa dedicado ao BIM. O LaBIM UFBA– Laboratório de Práticas em Metodologia BIM da Universidade Federal da Bahia é formado por alunos de graduação da Escola Politécnica e da Escola de Arquitetura e também dedica-se ao estudo e à prática de projetos multidisciplinares para desenvolvimento e difusão do conhecimento em BIM.

Na esfera governamental, identificamos ainda iniciativas recentes de uso de BIM para melhorar a qualidade de serviços prestados e também de disponibilizar recursos para estimular investimentos na área. Em 2017, através do programa Salvador 360, eixo Simplifica, a Prefeitura de Salvador anunciou a reestruturação do seu modelo de licenciamento, com a intenção de viabilizar a aprovação de projetos de grande porte através de modelos BIM. Em 2019, o SEBRAE Bahia (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) incluiu serviços de capacitação e consultoria de implantação no seu portfólio de consultorias de inovação com subsídio, SEBRAETEC, constituindo um grande incentivo para a disseminação de BIM entre as MPEs- Micro e Pequenas Empresas.

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CONCLUSÃO 

Apesar de não termos dados quantitativos do número de organizações que adotaram BIM na Bahia, podemos afirmar que o progresso é nítido, sendo possível identificar iniciativas em várias frentes, seja da academia, organizações privadas ou governamentais. De um modo geral, observamos um cenário mais maduro, que já mostra entendimento dos conceitos e benefícios da tecnologia. Ficamos felizes, também, de fazer parte de um grupo de atores que estão contribuindo com a disseminação de conhecimento e criação de um ambiente favorável à inovação na construção civil. 

Contudo, ainda existem muitas oportunidades de desenvolvimento na área de BIM. Em um futuro próximo, veremos a mobilização de um volume ainda muito grande de empresas que vem resistindo às mudanças até então, impulsionadas pelas novas regulamentações e políticas governamentais. Mesmo as empresas que já deram o primeiro passo, será necessário expandir o uso de BIM para aplicações ainda muito pouco exploradas, como gerenciamento de facilities e simulações computacionais para desempenho energético, por exemplo. 

Contudo, ainda existem muitas oportunidades de desenvolvimento na área de BIM. Em um futuro próximo, veremos a mobilização de um volume ainda muito grande de empresas que vem resistindo às mudanças até então, impulsionadas pelas novas regulamentações e políticas governamentais.

Acreditamos que temos um longo caminho pela frente e estamos à disposição para apoiar todas as organizações que queiram avançar em direção à uma indústria verdadeiramente mais eficiente e sustentável na nossa região. Qualquer dúvida não hesitem em entrar em contato (nib@nucleobim.com)!

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3 diretrizes para identificar o software BIM mais adequado para sua empresa

Identificar o software BIM mais adequado costuma ser uma das principais preocupações no momento de implantar BIM em empresas de arquitetura e engenharia. Com 5 anos de fundação do Núcleo de Inovação BIM- NIB e muitos trabalhos de consultoria e treinamentos realizados, sempre nos deparamos com clientes confusos e inseguros com a grande variedade de softwares disponíveis no mercado.

Felizmente, nesses últimos 5 anos percebemos um amadurecimento da indústria da A&C, que tem superado a necessidade de convencimento da importância da inovação tecnológica e focado cada vez mais em aspectos práticos, sobre como e quando a adoção de BIM deve ser feita. Através da nossa experiência com implantação de BIM, podemos afirmar que pouquíssimas empresas que decidem dar o primeiro passo chegam com essa questão resolvida.

O processo de tomada de decisão envolve uma análise criteriosa das necessidades da empresa e das soluções disponíveis no mercado. Neste artigo, compartilhamos 3 diretrizes que desenvolvemos para ajudar a identificar soluções de tecnologia compatíveis às organizações.

1. Identifique o perfil organizacional

Todos aqueles que já buscaram se informar minimamente sobre BIM sabem que o conceito vai muito além da escolha por um software “X” ou “Y”. Ainda assim, defendemos que a preocupação não só é legítima como deve ser tratada como um aspecto estratégico na organização. Afinal, envolve investimentos significativos como assinaturas/licenças, hardware e muitas horas de treinamento. Tampouco podemos esquecer do dinamismo da indústria de tecnologia, que sempre aparece com novas ferramentas, atualizações e funcionalidades, que devem ser incorporadas de maneira consciente.

Antes de pensar nas soluções do mercado, devemos analisar as necessidades tanto da empresa que vai implantar BIM como dos seus clientes. Como sabemos, os serviços de arquitetura/engenharia são provedores de soluções personalizadas e de alta complexidade. Isso significa que cada produto desenvolvido geralmente é único e envolve muitas partes interessadas. Sendo assim, cada organização tem objetivos muito específicos e que geralmente também giram em torno das necessidades dos seus clientes. 

É necessária, também, uma análise do perfil das pessoas que trabalham na empresa. De nada adianta uma nova ferramenta se não há pessoas dispostas a aprender e incorporar novos processos em suas rotinas. Abaixo alguns aspectos a serem considerados:

  • Quais os serviços oferecidos pela empresa?
  • Como estão definidos os processos de trabalho?
  • Qual o perfil dos seus clientes?
  • Qual o formato de entrega para o cliente?
  • Qual o perfil dos colaboradores da empresa?
  • Quais as funções que estão habituados a desempenhar?
  • Quais as necessidades de treinamento dessas pessoas? 
  • Qual a necessidade de criação/exclusão de postos de trabalho?

2. Utilize benchmarking para analisar as boas práticas do mercado

Uma vez identificadas as necessidades da empresa, partimos para a busca de boas práticas de empresas com características similares. O Benchmarking nada mais é que a prática de identificar as melhores práticas de empresas de um mesmo setor/segmento. Nesse contexto da escolha do software BIM, é suficiente investigar que ferramentas estão sendo adotadas por empresas do mesmo segmento/porte, que desafios enfrentam e que benefícios foram obtidos com a sua implantação.

A busca por tais informações nem sempre é fácil e exige tempo. Os dados podem ser obtidos de uma grande variedade de fontes, como artigos, palestras e até mesmo de uma conversa com colegas de profissão.

Cases, Blogs e Eventos de networking

Os cases são uma forma de divulgar experiências bem sucedidas no mundo dos negócios. Geralmente, são utilizados pelas empresas de tecnologia para divulgar os benefícios de suas soluções. No contexto BIM, os cases trarão informações sobre as ferramentas utilizadas, o processo de implantação e resultados obtidos.

Uma forma de obter informações em primeira mão é comparecer a conferências e eventos de networking de BIM. À medida que o termo foi ganhando importância no cenário nacional, um número crescente de conferências e encontros passaram acontecer anualmente. Nesse tipo de evento é muito comum que haja apresentações de cases ao vivo, com a vantagem de ter a oportunidade de escutar questionamentos e tirar dúvidas em tempo real.

Outra fonte de informações são os blogs oficiais de fabricantes de software, onde costumam publicar seus próprios cases e novidades. Exemplos de blogs que valem a pena acompanhar são da Autodesk BrasilGraphisoft Brasil AltoQi

Vale ressaltar que o NIB já foi responsável pela promoção de 3 edições do evento Encontro de Usuários BIM Bahia, com o intuito fomentar as discussões e facilitar o compartilhamento de experiências entre profissionais da região. Todas as edições do evento contaram com apresentações de cases de implantação em empresas do mercado, além de pesquisas realizadas no âmbito acadêmico.

Entrevistas com usuários

Para obter dados compatíveis com a sua realidade é recomendável entrevistar colegas de profissão com perfil e desafios semelhantes. O ideal seria fazer uma pesquisa entre profissionais inseridos em empresas de um mesmo porte e que prestam o mesmo tipo de serviço. Abaixo uma lista de questionamentos pertinentes:

  • Quais softwares BIM são utilizados?
  • A ferramenta já é utilizada para todos os projetos ou para projetos/tarefas específicas?
  • Há quanto tempo utiliza a ferramenta?
  • Quais foram as principais mudanças organizacionais necessárias?
  • Quais foram as principais mudanças de hardware necessárias?
  • Quantas horas de treinamento foram necessárias?
  • Quais as funcionalidades que mais trouxeram resultados?
  • Quais as maiores dificuldades no processo de implantação?

3. Conheça as ferramentas para identificar o software BIM mais adequado

Uma vez compreendidos o perfil da empresa e as práticas do mercado, é hora de partir para uma investigação mais aprofundada das ferramentas. Existe uma grande variedade de soluções BIM desenvolvidas para atender necessidades bem específicos, como desenvolvimento de projetos ou gestão de canteiro de obras, para as áreas de arquitetura, engenharia, infraestrutura, etc.

Sendo assim, é sempre bom lembrar que um fluxo de trabalho BIM envolve o uso simultâneo de múltiplos softwares, que podem servir como soluções alternativas ou complementares entre si. É indispensável, portanto, identificar antes quais são as ferramentas que suprem as necessidades do negócio para depois partir para uma análise comparativa entre elas. Na hora de estudar as ferramentas, tenha em conta:

Fabricantes de Software

Embora exista uma grande variedade de soluções, poucos fabricantes têm uma maior representatividade no mercado. Muitas informações sobre as soluções estão disponíveis no website dos fabricantes, como aplicações, tutoriais e valores de investimento.

Na sua coleção para Arquitetura, Engenharia e Construção, Autodesk oferece mais de uma dezena de softwares com possibilidade de integração entre si, sendo o Revit a mais popular. Outra empresa que vem conquistando seu espaço no mercado nacional é a GRAPHISOFT, com o ARCHICAD e seu aplicativo recém lançado, BIMx. Outros fabricantes menos populares que oferecem soluções BIM para arquitetura, engenharia e construção, são a Bentley SystemsCAD Technology e o fabricante nacional AltoQisendo esse último focado em soluções para engenharia.

Livros e publicações científicas

Informações de software também podem ser encontradas na literatura de referência e produção científica na área de BIM. É importante ressaltar que tais publicações dificilmente tratam especificamente de um software, pois procuram conceituar BIM e identificar processos impactados pelo paradigma de uma forma mais ampla. Ainda assim, muitos artigos relatam experimentos com determinadas ferramentas, que podem ajudar a compreender o seu funcionamento. Também vale lembrar que é quase impossível garantir que as informações estejam atualizadas visto que os fabricantes de software estão sistematicamente tentando melhorar seus produtos e lançando atualizações.

Uma fonte muito interessante de pesquisa é o livro Manual de BIM, onde especialistas no assunto procuram traduzir em forma de guia como a mudança de paradigma gera impacto em toda a cadeia da construção civil. No capítulo 2 o livro discorre brevemente sobre ferramentas BIM, confrontando os pontos fortes e fracos de ferramentas como Revit, ARCHICAD, Bentley Systems, entre outras.

No âmbito acadêmico, o número de publicações de BIM teve um aumento significativo na última década e a maioria pode ser consultada na internet. Anais de eventos que se destacam na área, como TIC, SigraDi ENTAC e periódicos eletrônicos, como Gestão & Tecnologia de ProjetosAmbiente Construído e PARC- Pesquisa em Arquitetura e Construção estão disponíveis para consulta em meio eletrônico.

Demonstrações e Períodos de Teste

Outro recurso que a empresa pode recorrer são os períodos de avaliação gratuitos oferecidos pelos fabricantes de software. A maioria dos fabricantes permitem a instalação de uma versão para testes, válida por períodos que costumam variar entre 16 e 30 dias. A empresa pode e deve utilizar esse recurso antes de adquirir uma licença definitiva para avaliar se a ferramenta atende às suas expectativas.

Uma outra forma de ter um primeiro contato com uma ferramenta desconhecida é solicitar demonstrações junto aos representantes de software. Aqui vale lembrar que no NIB também fazemos demonstrações de ferramentas, mostrando seus principais recursos e aplicações.

Próximos passos

Em resumo, esperamos ter mostrado neste artigo que a escolha de um software tem um peso importante no sucesso da implantação do BIM e merece muita atenção. O processo de decisão deve passar pela análise de vários fatores, como perfil organizacional, comportamento do mercado, soluções disponíveis e relação custo-benefício.

Agora se ficou assustado com o grande número de informações e fontes que precisam ser consultadas, temos uma boa notícia: O NIB apoia empresas na implantação de BIM, oferecendo demonstrações, treinamentos e a realização de um projeto piloto. Dominamos múltiplas ferramentas e somos capazes de aplicá-las a diferentes contextos, como concepção de projetos, planejamento, orçamentação e compatibilização, de acordo com as necessidades de cada organização. Se precisa de ajuda para identificar o software BIM mais adequado para a sua empresa, te convidamos a entrar em contato conosco.

Agora, seria um prazer ouvir um pouco sobre a sua experiência. Como anda a implantação de BIM na sua organização? A sua empresa já definiu as ferramentas mais adequadas? Quais as dificuldades que têm encontrado? Vou adorar ouvir!

REFERÊNCIAS

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BENTLEY SYSTEMS .Bentley, 2020. Página inicial. Disponível em: <https://www.bentley.com/pt>. Acesso em fev. 2020.

ALTOQI- TECNOLOGIA BIM APLICADA À ENGENHARIA. AltoQi, 2020. Página inicial. Disponível em: <https://www.altoqi.com.br/>. Acesso em fev. 2020. 

CAD TECHNOLOGY SYSTEMS. CAD Technology, 2020. Página inicial. Disponível em: <http://www.cadtec.com.br/new/home.php>. Acesso em: fev. 2020.

PARC PESQUISA EM ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO. Universidade Estadual de Campinas- Sistema de Bibliotecas. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/parc>. Acesso em: fev. 2020.

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AUTODESK INC. Mundo AEC- Blog Oficial sobre AEC da Autodesk Brasil, 2018. Disponível em: <https://blogs.autodesk.com/mundoaec/>. Acesso em: fev. 2020.

GRAPHISOFT. Blog oficial da Graphisoft Brasil. Disponível em: <https://graphisoftbr.blogspot.com/>. Acesso em: fev. 2020.

ANTAC- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TECNOLOGIA NO EMBIENTE CONSTRUÍDO. Anais de eventos. Disponível em: <https://www.antac.org.br/anais-c1pyf>.

III Encontro de Usuários de BIM Bahia. Núcleo de Inovação BIM, 2018. Disponível em: <https://www.nucleobim.com/novidades/item/iii-encontro-de-usuarios-bim>. Acesso em fev. 2020.

EASTMAN et at . Manual do BIM: Um guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.