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Evolução de BIM na Bahia

Se você atua no setor de AEC (Arquitetura, Engenharias e Construção) é quase impossível que não tenha ouvido falar em BIM (Modelagem da Informação na Construção, traduzido para o português). Diante de crises econômicas e ambientais, a construção civil vem apostando no uso da tecnologia da informação para resolver lacunas e transformar-se em uma indústria mais produtiva e sustentável. Não é por acaso que na última década BIM atraiu tanta atenção e se tornou o foco de muitos pesquisadores, estudantes, organizações governamentais e privadas.

Nesse contexto, as iniciativas de todos esses atores formam um ecossistema de inovação que impacta diretamente no desempenho do setor. Nós do NIB- Núcleo de Inovação BIM, primeira organização privada a oferecer serviços especializados em BIM na Bahia, pudemos acompanhar muitos marcos de desenvolvimento no estado relacionados à área. Agora que a empresa completou 5 anos, resolvemos escrever este artigo que esboça um panorama do BIM na Bahia, com o intuito de registrar o caminho percorrido e reconhecer os esforços de atores locais que vêm contribuindo para a transformação da nossa indústria. 

Agora que a empresa completou 5 anos, resolvemos escrever este artigo que esboça um panorama do BIM na Bahia, com o intuito de registrar o caminho percorrido e reconhecer os esforços de atores locais que vêm contribuindo para a transformação da nossa indústria. 

BIM NO BRASIL E NO MUNDO: ONDE ESTAMOS? 

Em conformidade com tendências mundiais, o Brasil vem desenvolvendo ações para tornar o BIM uma realidade em um futuro próximo. É o que sugere a publicação Building Information Modeling no Brasil e na União Europeia, do antigo MDIC- Ministério da Indústria Comércio e Serviços, que compara a difusão do BIM no Brasil com países da União Europeia em relação à estrutura normativa, academia, corpo técnico, organizações privadas e públicas. Segundo essa publicação, em 2015 todos os países analisados já apresentavam iniciativas em todos os eixos. Os países Reino Unido, Holanda, Finlândia e Noruega já teriam diretrizes estratégicas e normativas consolidadas e foram, portanto, considerados mais avançados. 

No Brasil, iniciativas governamentais resultaram de esforços iniciados há mais de uma década, afinal não é do dia para a noite que se constrói uma política BIM. Em 2009 foi criada uma comissão especial para elaboração da Coletânea de Normas Modelagem de Informação da Construção da ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas, publicadas entre 2011 e 2015. Em 2014, Santa Catarina foi o primeiro estado a estabelecer uma regulamentação oficial em BIM, com a publicação do seu o Caderno de apresentação de projetos em BIM. Em 2018, o Governo Federal anunciou a publicação da sua Estratégia Nacional de Disseminação do BIM, finalmente estabelecendo ações e políticas para promover a difusão do BIM a nível nacional.

No Brasil, iniciativas governamentais resultaram de esforços iniciados há mais de uma década, afinal não é do dia para a noite que se constrói uma política BIM.

Entidades de apoio à empresas e profissionais também se preocuparam em disponibilizar informações e estabelecer padrões em BIM. É o caso da ASBEA- Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura com a publicação de seus dois volumes do Guia ASBEA de boas práticas em BIM, entre 2013 e 2015. 

Na academia, a produção científica brasileira mostra um grande esforço para desenvolver a área no país. O artigo Análise da produção científica brasileira sobre a Modelagem da Informação da Construção mostra um aumento significativo do número de publicações a partir do ano de 2009. Pesquisas orientadas para o ensino de BIM também indicam que a maioria das instituições já apresentam iniciativas para inserir a disciplina nas grades curriculares de cursos técnicos, de graduação e pós graduação do país. 

Quanto à iniciativa privada, não existem dados que retratem a adesão ao BIM a nível nacional, apenas pesquisas realizadas com amostras relativamente pequenas de empresas e profissionais. A publicação mais recente nesse sentido foi a Roadshow BIM, de 2018, da CBIC- Câmara Brasileira da Indústria da Construção, que apresenta resultados de um questionário aplicado com empresas participantes de eventos do setor, indicando que menos de 10% utilizavam ferramentas BIM. Outras análises constatam, ainda, que as iniciativas se concentram nas fases de projeto e construção, sendo muito tímidas na fase de operação. 

BIM NA BAHIA: ONDE ESTAMOS? 

Antes mesmo do termo BIM ser alvo de tanta atenção, a Bahia já possuía um importante centro de pesquisa dedicado à computação gráfica e tecnologia de informação espacial aplicados à Arquitetura e Urbanismo. Fundado em 1992, o LCAD- Laboratório de Estudos Avançados em Cidade, Arquitetura e Tecnologias Digitais da Faculdade de Arquitetura da UFBA já vinha estudando as aplicações de diversas tecnologias, como fotogrametria digital, laser scanning e geoprocessamento, se tornando pioneiro nos estudos sobre BIM no estado.

Fundado em 1992, o LCAD- Laboratório de Estudos Avançados em Cidade, Arquitetura e Tecnologias Digitais da Faculdade de Arquitetura da UFBA já vinha estudando as aplicações de diversas tecnologias, como fotogrametria digital, laser scanning e geoprocessamento, se tornando pioneiro nos estudos sobre BIM no estado.

Mostrando a sua relevância no território nacional, em 2011 o laboratório sediou o V TIC- Encontro Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação na Construção com o tema BIM- Modelando a Construção do Futuro. O evento reuniu em Salvador mais de 370 participantes, entre representantes de universidades, empresas, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação. No mesmo ano, pesquisadores do LCAD publicaram Uma visão da difusão e apropriação do paradigma BIM no Brasil, resultado de uma pesquisa com participantes do evento para entender o seu grau de familiaridade e apropriação do BIM e os obstáculos para a consolidação do paradigma no Brasil. 

Com apoio do LCAD também foram desenvolvidas outras pesquisas importantes na área de BIM. Em 2013 o estudo Adoção do paradigma BIM em escritórios de arquitetura de Salvador-BA investigou as barreiras para a adoção de BIM em escritórios locais. Em 2014, a tese Ensino-aprendizagem de BIM nos cursos de graduação em engenharia civil e o papel de expressão gráfica neste contexto contribuiu significativamente para a área de ensino de BIM, identificando as competências necessárias e propondo uma estrutura para a área de expressão gráfica dentro do currículo de engenharia civil. Em 2016 foi publicada a dissertação Sistema de alocação de espaço para a FAUFBA: uma aplicação de facilities management, contribuindo para o avanço da utilização do BIM para a fase de operação do ciclo de vida da edificação. Atualmente o laboratório também vem estudando aplicações da tecnologia no desenvolvimento de projetos e gerenciamento de espaços urbanos, com publicações na área de CIM- City Information Modeling

Apesar da intensa produção científica, na época poucas empresas arriscavam aplicar as novas tecnologias em suas operações. Em 2012 a construtora Syene ficou conhecida por ser a primeira do seu porte a investir em um projeto piloto para realizar a modelagem BIM do seu empreendimento Syene Corporate. A empresa necessitou de consultoria e treinamentos especializados para seus funcionários, além de ter mobilizado toda a sua rede de escritórios parceiros para adotar novos métodos de trabalho.

Em 2013, reconhecendo a emergência do paradigma BIM e a necessidade de capacitar profissionais da área, instituições de ensino começaram a lançar programas de capacitação em diferentes níveis. Nesse ano a UFBA- Universidade Federal da Bahia e o IFBA- Instituto Federal da Bahia promoveram o Workshop Implantação de BIM -IFBA/ UFBA com o intuito de iniciar a implantação de BIM nos setores técnico-administrativos dessas instituições. Nesse mesmo ano também foi lançado o primeiro programa de pós-graduação em Gerenciamento BIM do estado pelo SENAI CIMATEC – Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, que tivemos o privilégio de cursar. 

Da mesma forma que o LCAD impulsionou a produção científica, as iniciativas de capacitação contribuíram para a formação de uma base de profissionais para liderar a inovação do setor. Foi exatamente nesse contexto que fundamos o NIB, em 2015. Após concluir a pós-graduação em gerenciamento BIM, observando uma grande carência de serviços especializados na região, fundamos primeira empresa que oferecia consultoria e treinamentos na área. Hoje, com 5 anos de funcionamento, nos orgulhamos de já ter realizado inúmeras capacitações técnicas para instituições de ensino superior públicas/privadas e ambientes corporativos, bem como consultorias de implantação para os segmentos de desenvolvimento de projetos de arquitetura, engenharia e construtoras. Além disso, desenvolvemos diversos modelos BIM com as finalidades de compatibilização, extração de quantitativos, planejamento de obra e orçamentação. 

Da mesma forma que o LCAD impulsionou a produção científica, as iniciativas de capacitação contribuíram para a formação de uma base de profissionais para liderar a inovação do setor. Foi exatamente nesse contexto que fundamos o NIB, em 2015.

No em que fundamos a empresa, percebemos a necessidade de fomentar discussões e facilitar a troca de informações entre os profissionais do setor. Com esse intuito realizamos três edições, entre 2015 e 2018, do evento Encontro de Usuários BIM- Bahia, reunindo especialistas, representantes de empresas, pesquisadores e estudantes para discutir os desafios e apresentar suas experiências. Em 2018 também organizamos o 1º Meetup BIM Hour, um evento exclusivo para representantes de incorporadoras, construtoras, escritórios de projeto e órgãos públicos, para aprofundar no tema da implantação. 

Associações empresariais e conselhos de classe também se movimentaram para criar eventos exclusivos na área de BIM no estado. Em 2016 as organizações organizações CAU-Ba, CREA-Ba, IAB-Ba, Sinduscon-Ba, SENAI, SEINFRA- Secretaria de Infraestrutura- SEINFRA e e SECTI- Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação se uniram para promover o 1º Seminário Estadual de BIM, que passou a ter edições anuais.  

Em 2018, surgiu outro centro de pesquisa dedicado ao BIM. O LaBIM UFBA– Laboratório de Práticas em Metodologia BIM da Universidade Federal da Bahia é formado por alunos de graduação da Escola Politécnica e da Escola de Arquitetura e também dedica-se ao estudo e à prática de projetos multidisciplinares para desenvolvimento e difusão do conhecimento em BIM.

Na esfera governamental, identificamos ainda iniciativas recentes de uso de BIM para melhorar a qualidade de serviços prestados e também de disponibilizar recursos para estimular investimentos na área. Em 2017, através do programa Salvador 360, eixo Simplifica, a Prefeitura de Salvador anunciou a reestruturação do seu modelo de licenciamento, com a intenção de viabilizar a aprovação de projetos de grande porte através de modelos BIM. Em 2019, o SEBRAE Bahia (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) incluiu serviços de capacitação e consultoria de implantação no seu portfólio de consultorias de inovação com subsídio, SEBRAETEC, constituindo um grande incentivo para a disseminação de BIM entre as MPEs- Micro e Pequenas Empresas.

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CONCLUSÃO 

Apesar de não termos dados quantitativos do número de organizações que adotaram BIM na Bahia, podemos afirmar que o progresso é nítido, sendo possível identificar iniciativas em várias frentes, seja da academia, organizações privadas ou governamentais. De um modo geral, observamos um cenário mais maduro, que já mostra entendimento dos conceitos e benefícios da tecnologia. Ficamos felizes, também, de fazer parte de um grupo de atores que estão contribuindo com a disseminação de conhecimento e criação de um ambiente favorável à inovação na construção civil. 

Contudo, ainda existem muitas oportunidades de desenvolvimento na área de BIM. Em um futuro próximo, veremos a mobilização de um volume ainda muito grande de empresas que vem resistindo às mudanças até então, impulsionadas pelas novas regulamentações e políticas governamentais. Mesmo as empresas que já deram o primeiro passo, será necessário expandir o uso de BIM para aplicações ainda muito pouco exploradas, como gerenciamento de facilities e simulações computacionais para desempenho energético, por exemplo. 

Contudo, ainda existem muitas oportunidades de desenvolvimento na área de BIM. Em um futuro próximo, veremos a mobilização de um volume ainda muito grande de empresas que vem resistindo às mudanças até então, impulsionadas pelas novas regulamentações e políticas governamentais.

Acreditamos que temos um longo caminho pela frente e estamos à disposição para apoiar todas as organizações que queiram avançar em direção à uma indústria verdadeiramente mais eficiente e sustentável na nossa região. Qualquer dúvida não hesitem em entrar em contato (nib@nucleobim.com)!

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